Artigo
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7/6/2024

A vida se dá no encontro

Certa vez, ainda durante a pós em Pedagogia da Cooperação tivemos uma aula sobre convivência. Do latim “cum”, que significa “com” ou junto” com o verbo “vivere”, cujo significado é “viver”, a palavra convivência remete ao ato de viver junto, “o estado de viver em companhia de outros”.

Gosto de buscar a etimologia das palavras porque elas trazem componentes de história e cultura. A palavra convivência, por exemplo, não existe na língua inglesa. Aprendi isso com a norte-americana Kay Pranis, especialista em Justiça Restaurativa, durante sua visita ao Brasil. Na ocasião, ela mencionou que estava aprendendo muito com essa nossa palavra inspiradora.

Convivência, portanto, remete ao ato de compartilhar a vida, se relacionar com o outro. É um ato intrínseco ao ser humano. O homem só é em relação!

Porém, para conviver bem, com qualidade, é importante investirmos no autoconhecimento, autodesenvolvimento e autocontrole para construirmos uma relação saudável conosco, de modo que possamos viver bem com o outro.

Sem saber quem somos, como reagimos, o que gostamos, o que queremos, o que nos movimenta, o que nos apaixona, o que nos motiva, e um outro conjunto significativo de perguntas, será difícil conviver com o outro de forma harmoniosa.

Um primeiro passo para essa jornada pode ser o exercício de sair do automático de nossas rotinas e nos fazer perguntas que nos ajudarão a aprofundar nossas experiências.

Muitos dos processos de mentoria, coach, terapias são baseados em questionamentos com foco no indivíduo de modo a promover reflexão, ação, mudança, proporcionando uma travessia. Isso acontece porque as perguntas nos ajudam a nos conectar com o que já sabemos, mas, não jogamos luz para iluminar, pois, estamos preocupados demais com o futuro, com o que está por vir, com novos conhecimentos. Porém, já temos muito conhecimento dentro de nós e que precisam ser integrados ao nosso ser.

Ao refletir sobre o que já temos e sabemos somos capazes de abrir espaço. É como na natureza onde precisamos afofar a terra e dar espaço para a semente crescer. “Então, vamos aqui criar um espaço interno para semear convivência, preparar a terra – nos conhecer pra gente conviver e cooperar”, nos convidou a facilitadora Gisela Sartori Franco durante a aula.

Gisela nos falou da necessidade fundamental desse processo de nos conhecermos, de fazer um mergulho inicial no que já sabemos para criar as bases para a convivência daquele grupo em questão na pós-graduação. E frisou “isso é importante uma vez que não cooperamos bem com o que não conhecemos ainda”.

De todo modo, aprendemos que há diferentes níveis de convivência. Na convivência cooperativa, por exemplo, há um profundo interesse no outro. Além disso, é preciso entender que há a convivência interpessoal onde coopero comigo, olhando para minha saúde física, mental e espiritual – como disse no início do texto, é preciso olhar para mim antes de ir ao convívio com o outro; a convivência intrapessoal onde coopero com o outro – esse outro que não é uma ameaça como a muitos de nós foi ensinado a enxergar, ainda que inconscientemente; e a convivência com o externo onde coopero com o ambiente de forma geral.

Voltando às perguntas, que certamente nos auxiliarão em nossos diferentes processos de convivência, convido vocês a se questionar:

Será que minha vida está precisando de mais perguntas?  O que eu preciso perguntar a mim mesmo?

Vou deixar aqui algumas perguntas para autoreflexão, caso queira exercitar. São perguntas simples e complexas ao mesmo tempo, e posso afirmar que levam um bom tempo para serem respondidas, além de muitas vezes precisarem ser revisitadas, ajustada, atualizadas! As três primeiras perguntas são as que me foram feitas para ajudar a identificar meu dom durante o MBA que me levou à gestação do que viria a ser a Diversah. Na intersecção das respostas a essas três questões, estaria nosso dom. Boa reflexão!

O que eu gosto de fazer?

O que sou bom em fazer?

O que eu posso fazer de útil e para o bem geral com isto?

O que eu tenho a oferecer?

Dado que o que eu tenho a oferecer, o que está disponível de bom para eu fazer? Quais as possibilidades?

O que chama minha atenção, que pulsa meu coração, que me traz verdadeira alegria, que me nutri, que faz meus olhos brilharem?

De posse dessas respostas, o que você poderia começar a fazer?




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