Não seja tão previsível
Nos últimos dois meses não conseguir manter a disciplina de escrever toda semana, mas, meu corpo e cabeça me lembraram que já era hora de voltar. Não sabia ainda o que precisava sair dos meus pensamentos para o “papel”, mas hoje acordei com o enredo pronto.
Tenho nas perguntas e na escrita a minha forma de me relacionar com o mundo. Muitas vezes, porém, ambas me faltam, em especial, as perguntas. Neste final de semana ouvi algo de uma pessoa querida que me impactou e as perguntas me faltaram, assim como meus aprendizados em comunicação não-violenta. Eu não consegui fazer as perguntas fundamentais e necessárias para processar aquela conversa. Ainda não sei se na hora congelei ou fugi, duas das três formas que encontramos para lidar com algo que nos incomoda.
Para mim, as perguntas são fundamentais para sair do autocentramento e tentar entrar no universo do outro, senão limito a minha percepção e visão apenas ao meu repertório. Afinal, quando descrevemos o mundo, na verdade estamos descrevendo a nós mesmos, usando nossas referências conceituais. É apenas uma parte do cenário que está posto.
Muitas vezes, mordemos a isca e seguimos nossas propensões, ou comportamentos habituais, sem dar a chance para não olhar o fato como um espelho. Eu mordi a isca durante a conversa que mencionei e lá estava eu com mil pensamentos e crenças de outros “carnavais” interpretando as palavras que me foram ditas com os significados que já me habitavam.
Não consegui lembrar dos aprendizados da comunicação violenta que sugere olharmos apenas o fato, observar sem fazer julgamentos, entrar em contato com o que se sente, com a necessidade que está posta e por fim fazer um pedido de forma clara, que envolve, inclusive, ter clareza do que aquelas palavras ditas de fato significam para quem as está dizendo. Não fiz nada disso e não segui um aprendizado budista tão precioso: Não seja tão previsível. Eu fui.
Chegando em casa, porém, talvez por estar mais distante do que considerei uma ameaça, pude refletir, pude investigar, pude sonhar, elaborar e aqui estamos, pude escrever, o que para mim, coloca tudo em seu lugar. Decidi que vou precisar fazer as perguntas que não fiz, entendi que preciso exercitar os conhecimentos e ferramentas aprendidos para o autodesenvolvimento, sempre.
Afinal, acredito na cura pela palavra, falada ou escrita e essa é a forma que encontrei para desencorajar as minhas tendências habituais.
Talvez esse texto te pegue em algum momento, talvez não faça sentido. De todo modo deixo aqui para você a essência do budismo tibetano que tanto me inspira: Troque o medo por curiosidade, a frustração pela transformação.
Se abra ao que te dá medo, ao que você não sabe, àquilo que parece não fazer sentido, àqueles aspectos menos familiares, ao que não concorda. Assim, é possível não sermos fisgados o tempo todo pelas nossas tendências e crenças