Pausa e Reflexão
Uma das propostas da Diversah é provocar a reflexão. Não que a gente não reflita, mas, a rotina na qual nos inserimos e as mudanças em mundo cada vez mais complexo e incerto não é um cenário tranquilo e traz uma carga cada vez mais pesada para nos adaptarmos. Dessa forma, não é difícil compreender a redução da qualidade das nossas relações humanas. Fomos colocados em uma arena e precisamos jogar, performar, para sobreviver. Estamos nos isolando para cumprir esta tarefa e tentar nos adequar e como resultado estamos adoecendo. A velocidade da atual transformação pela qual o mundo vem passando é inédita e não temos recursos internos para lidar com a mudança neste ritmo. Assim, refletir se faz fundamental.
Foi nesse caminho da reflexão que me dei conta de que minhas inquietações mais profundas nasceram lá em em 2015, durante uma viagem ao Deserto do Atacama (Chile), um dos lugares mais incríveis que já conheci. Hoje sei que foi lá que tudo mudou, que meus questionamentos começaram - ainda que não fossem claros -, e que ali iniciava, mesmo sem saber, o planejamento de uma mudança na minha vida. A gestação da Diversah começou neste momento!
Entre idas e vindas, medo de fracasso, síndrome de impostora, cansaço, desestímulos e tantos desafios, decidi ir ainda mais fundo no processo de me escutar, me conhecer e me entender. Eu precisava de tempo, mas, não tinha. Estava vivendo no automático, trabalhando, estudando, cuidando de casa, e, viajando de férias de tempos em tempos,achando que ter esse tempo era suficiente para mim, refletia um pouco, mas, logo voltava à intensa rotina profissional e pessoal de sempre.
Então, após mais de 20 anos de carreira e correrias, resolvi parar. Fiz uso do privilégio de poder me dar um descanso, uma pausa, como o primeiro evento da Diversah sugeriu em 2019. Decisão difícil de tomar e mais difícil ainda de administrar. Quanta culpa senti e vergonha também “como assim você vai tirar um ano sabático?” minha mente me perguntava constantemente indignada.
No início, não conseguia fazer absolutamente nada, era como se estivesse em choque. Foram três meses assim. Depois, minha relação com o tempo foi mudando e eu fui gostando desse novo relacionamento. Minha crença sobre produtividade também se transformou. Passei a investir nas minhas paixões. Viajei, escrevi, dormi, viajei mais um pouco, comecei um novo período de estudo com a pós-graduação em Pedagogia da Cooperação, e, também, um estudo interno sobre mim. Fiz inúmeras atividades e experiências de bem-estar e autoconhecimento. Me dediquei a cuidar de mim e ter clareza sobre quem sou. Olhar para si é gratificante, mas dói, e muito, ao menos foi assim que esse processo me atravessou, quer dizer, me atravessa. Se conhecer é uma jornada contínua, não termina.
Vivi muitas experiências novas. E com disponibilidade de tempo, pude praticar e tenho percebido que tudo é possível de ser aprendido quando se é vivido.
Não vivi uma sabático convencional. Após seis meses desse período, surgiu uma oportunidade de trabalhar para criar a estratégia de comunicação de uma startup de reflorestamento. Fazia sentido pra mim, então topei. E segui com a concepção da Diversah, em um ritmo desacelerado, mas, sempre presente. O trabalho mais intenso para a startup terminou, seguimos com uma consultoria e eu voltei para o sabático, novas viagens, cursos, retiros. Aqui vale dizer que eu era aquela que não entendia porque as pessoas faziam retiros em feriados, especialmente no carnaval, e lá estava eu feliz em um retiro durante a época mais festiva do ano! Contarei sobre essa experiência em outro artigo.
As peças foram se encaixando, as práticas para o trabalho de conclusão de curso da pós da pedagogia da cooperação foram transformadoras e pude refletir e enxergar uma forma de responder àquela questão sobre como utilizar meus conhecimentos para cooperar com nosso mundo. A Diversah é parte dessa resposta!