Questione-se, sempre!
No processo de criação da Diversah, comecei a selecionar alguns textos já escritos e alguns já publicados para inserir na área de conteúdo do site. Me deparei com o texto abaixo, de 2020, auge da pandemia e ao mesmo tempo momento de celebração dos meus 20 anos de carreira na comunicação, até então. De lá pra cá, já escrevi um bocado, ainda que quase nada publicado, também me arrisquei no empreendedorismo, na consultoria, em novas áreas, com mais aprendizados e uma nova jornada por iniciar, oficialmente, neste 2024, ano de colheita! Aqui para você, um pouco da minha trajetória profissional até experimentar o meu novo caminho, que contarei mais no próximo artigo.
Neste intenso ano de 2020 estou completando 20 anos de carreira. Havia feito uma breve reflexão sobre este marco no início do ano e então fomos surpreendidos pela pandemia e não restou tempo para escrever.
Ontem, porém, olhei essa foto e lembrei como tudo aconteceu. Senti vontade de compartilhar a minha jornada e agradecer por todo aprendizado, transformação e convívio com todos. Depois de alguns anos trabalhando na área de TI, desenvolvendo softwares educativos e outras atividades que aprendi durante o curso técnico de processamento de dados na Escola Técnica Estadual de São Paulo, já com um salário interessante para um início de carreira, comecei a estudar fotografia, além de iniciar o curso de jornalismo na PUC-SP, carreira que eu havia escolhido na oitava série. Me apaixonei pela fotografia, me formei, até ganhei algum dinheiro fotografando festas infantis, mas, devo confessar que não era uma loucura como fotógrafa.
Ao final do primeiro ano da faculdade, surgiu uma oportunidade de fazer um curso de produção de documentário em Nova York, uma parceria da PUC com a Downtown Community Television Center (DCTV), um centro de mídia comunitário.
Motivada pela oportunidade de fazer minha primeira viagem internacional, de comprar equipamentos fotográficos, até então muito caros no Brasil e de aprender sobrea produção de vídeos, eu fui. Foi incrível e o resultado foi um documentário sobre a política de tolerância zero, marca administrativa do então prefeito da cidade, Rudolph Giuliani. A iniciativa, que consistia em punir qualquer tipo de crime, inclusive os mais leves, visava dar o exemplo e sensação de autoridade.
Era o ano de 1999 e nem preciso explicar que a população menos privilegiada de NY estava sofrendo muito com a política. E foi o que fomos investigar! (tenho a fita cassete até hoje!). Voltei ao Brasil com uma pequena grande dívida e embora estivesse saltitante para procurar trabalho na área de comunicação, recebi um convite para seguir na área de TI do Citibank, e aceitei...Não adiantou muito, pedi demissão 6 meses depois e aceitei um estágio em um portal de notícias argentino para escrever sobre agronegócio – indicação de um amigo de faculdade.
O salário era quatro vezes menor ao anterior, as pessoas me achavam louca por largar uma promissora carreira na área de TI, mas os rótulos e julgamentos nunca tiveram muito efeito sobre mim. Entrei no financiamento estudantil para poder pagar a faculdade e segui feliz da vida aprendendo e escrevendo sobre o mercado de laranja, a cotação do boi gordo, o mercado de frango vivo... (tenho meu caderno de fontes até hoje!) Então, me apaixonei pelo agronegócio e neste mundo fiquei por mais de 12anos, até que esse mesmo amigo da faculdade me indicou para uma vaga em uma agência de relações públicas pioneira na comunicação digital.
O desafio era interessante, mas, de novo, eu teria que dar um passo atrás, ainda que menor doque quando sai do banco para o estágio.
Eu fui e por lá fiquei por 10 anos, orgulhosa da nossa história e dos caminhos cheio de desafios novos a todo momento. Eram desafios da agência, e do mercado de comunicação como um todo. Não havia uma semana na qual não me perguntava qual seria o caminho mais adequado para que todos enxergassem a comunicação verdadeiramente como protagonista e aliada.
Naquele momento, lendo o anuário de comunicação corporativa 2020 - um trecho me chamou atenção e meus questionamentos foram reformulados e ampliados.
O texto dizia “em documento, escrito em 2007, a Aberje (Associação Brasileira de Comunicação Empresarial) já afirmava: o que está em jogo é o nosso papel na ‘gramatura’ do mundo. [...]. No drama de nossos dias, que papel nós, comunicadores, vamos assumir, uma vez que somos profissionais capacitados ao mesmo tempo em que simples seres humanos, diante dos grandes desafios sociais, econômicos e ambientais... Esta pergunta ainda está dramaticamente no ar”.
Treze anos haviam se passado e não tínhamos essa resposta. Sei que estamos evoluindo e transformando, mas a jornada para que a comunicação seja consolidada como uma disciplina fundamental para o equilíbrio das mais diversas questões e relações ainda é longa e depende muito de qual papel nós comunicadores queremos assumir.
Obrigada a todos aqueles que cruzaram meu caminho nestes 20 anos. São tantas pessoas, amizades, clientes, eventos, viagens, reuniões, workshops, estratégias, desafios, loucuras, ziriguidum e até milagres! Foi muita gente, e cada um a seu modo e com seu talento me ensinou e me ajudou a avançar nesta jornada.